top of page

'Mães de Maio' lamentam morte de ex-delegado e pedem investigação com respeito aos direitos humanos

  • Foto do escritor: Carlos Norberto Souza
    Carlos Norberto Souza
  • 18 de set.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 19 de set.

Grupo pede "investigação qualificada" para a resolução do assassinato de Ruy Ferraz Fontes/ Foto: Divulgação/Polícia Civil SP
Grupo pede "investigação qualificada" para a resolução do assassinato de Ruy Ferraz Fontes/ Foto: Divulgação/Polícia Civil SP

Na última terça-feira (16/09), o Movimento Independente Mães de Maio publicou nota em que se solidariza com a família, amigos e colegas do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes (foto), 63 anos, assassinado em Praia Grande. O Movimento também pediu aos policiais, o Governo do Estado e o secretário de Segurança Pública para que não busquem vingança pela morte de Fontes. "A favela e a periferia não podem pagar o preço alto sobre o que vem acontecendo há mais de duas décadas".


As Mães de Maio lembram que é momento de trabalhar com inteligência e esperam que as autoridades deem suporte emocional aos agentes de segurança pública para que não haja mais derramamento de sangue nem perda de vidas inocentes na Baixada Santista.


"As mães estão profundamente abaladas, pois quando ocorre situações como essa, elas revivem todo o sofrimento da perda de seus filhos, assassinados pelo Estado, por vingança. Esperamos que as autoridades usem a inteligência – ferramenta fundamental que não dispara nenhum tiro!", ressaltaram.


Elas também esperam que casos como esse não sejam usados eleitoralmente por políticos do estado e da Região e considera que a solução deve ser alcançada por meio de investigação qualificada e respeito aos direitos humanos, e não pelo uso desmedido da violência. Há o receio de que ocorra novas ações de vingança como nas Operações Escudo e Verão, em 2023 e 2024, ocorridas após mortes de policiais.


O secretário de Estado de Segurança Pública, Guilherme Derrite, já anunciou o deslocamento de policiais da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e de um Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) para reforçar o policiamento na Região.


As "Mães de Maio" são uma rede de mães, familiares e amigos(as) de vítimas da violência do Estado, em São Paulo, principalmente na capital e na Baixada Santista. Formado a partir dos chamados Crimes de Maio de 2006, o grupo se organiza para lutar pela verdade, pela memória e por justiça para todas as vítimas da violência discriminatória, institucional e policial contra a população pobre, negra e os movimentos sociais.


Descaso do Governo do Estado


O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) afirmou que "a ação que resultou na morte de Ruy Ferraz Fontes, o qual há poucos anos ocupou o cargo de comando máximo da Polícia Civil bandeirante, escancara a forma como o Governo do Estado de São Paulo cuida de seus policiais mais dedicados, ao mesmo tempo em que torna gritante a necessidade de que a Polícia Civil seja melhor tratada, com efetiva valorização de seus profissionais, mais contratações e aumento nos investimentos em estrutura física e de materiais."


A entidade sindical lembra que a Polícia Civil é responsável por investigar organizações criminosas. "E, por consequência, se o Governo estadual permite que aquela se enfraqueça, como São Paulo tem feito nas últimas décadas, o crime organizado inevitavelmente ganhará espaço", alertou.


Duas semanas antes de ser executado, Ruy Ferraz Fontes afirmou, em entrevistas concedidas à CBN e ao jornal O Globo, que vivia em Praia Grande desprotegido. “Desde 2002 fui encarregado de fazer investigações relacionadas especificamente com o PCC (...) eu tenho proteção de quem? Eu moro sozinho na Praia Grande, que é o meio deles. Eu não tenho estrutura nenhuma.”


Investigação


Segundo o Governo do Estado, uma força-tarefa está em andamento para identificar os envolvidos na execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil. Na manhã desta quarta-feira (17), oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos por policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e da Seccional de Praia Grande em endereços na capital paulista e na Grande São Paulo. Até o momento, os investigados não foram localizados.


Nesta terça-feira (16), dois envolvidos teriam sido identificados por meio do trabalho de inteligência das polícias. Um deles com passagens por roubo e tráfico de drogas. No veículo abandonado após o crime foram coletados fragmentos de DNA e impressões digitais - o outro carro foi incendiado. Os vestígios estão sendo analisados pela Polícia Técnico-Científica, que fará um cruzamento com o banco de dados criminal do Estado de São Paulo e de outros órgãos para identificar os criminosos.


Na madrugada desta quinta, uma mulher que teria buscado um fuzil usado pelos criminosos em Praia Grande e o levado até a região do ABC paulista foi presa de forma temporária. Em coletiva de imprensa, o secretário estadual de Segurança Pública divulgou nomes e fotos de dois suspeitos que são considerados foragidos após decretação de prisão temporária. Derrite diz que não há dúvidas de que o assassinato tem relação com o PCC. Um quarto suspeito também teria sido identificado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), cujo pedido de mandado de prisão também foi aceito pela Justiça.


Afronta às instituições


O Sindpesp qualificou o assassinato do delegado aposentado, que atuava como secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande, como "uma grande afronta às instituições públicas e ao Estado de São Paulo, e não pode ficar impune, sob pena de que todo o Sistema de Segurança Pública caia em descrédito", além da morte em si de Ruy Ferraz Fontes uma "perda irreparável" 


Prioridade


“A prioridade máxima é solucionar esse caso. Temos várias linhas de investigação, várias possibilidades e nenhuma pode ser afastada. Estamos trabalhando para que os responsáveis sejam exemplarmente punidos pela Justiça, com todo o rigor da lei”, disse o governador Tarcísio de Freitas.


Mas Derrite recusou ajuda federal oferecida pelo ministro da Justiça do Governo Lula, Ricardo Lewandowski, e do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.




Matéria atualizada em 18/09 às 23h



Comentários


bottom of page