Sindicato e Federação Nacional de Jornalistas repudiam ataques bolsonaristas sofridos pelo chargista Marcelo Padron, de Santos
- Carlos Norberto Souza
- 19 de set.
- 3 min de leitura
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) publicaram nota, nesta sexta-feira (19/09), em que repudiaram os ataques bolsonaristas sofridos pelo ilustrador e chargista Marcelo Padron Alves em represália pela publicação de uma charge dele no Jornal da Orla, na edição dos dias 13 e 14 de setembro. A charge satiriza a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelos crimes de tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, entre outros.
Segundo as entidades representantes dos jornalistas, Padron apenas exerceu livremente seu ofício ao abordar um acontecimento de interesse público e de "extrema relevância" sobre os rumos da democracia e dos interesses do povo brasileiro. E consideram que as reações ao trabalho do chargista revelam que parte da população ainda não abandonou o golpista.
"O incômodo dos seguidores fiéis de Bolsonaro na cidade de Santos é uma demonstração de que a charge simplesmente cumpriu sua função, ao mesmo tempo em que atesta novamente o caráter intolerante e antidemocrático de parcela da sociedade que segue alinhada a grupos golpistas e disposta até a defender agressões estrangeiras", afirmaram.
Além de manifestarem solidariedade ao chargista, o Sindicato e a Fenaj repudiaram quaisquer ameaças e tentativas de constranger a livre e ética atuação dos profissionais do jornalismo.

Foto: Reprodução Redes Sociais
Confira a nota na íntegra:
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), por meio da Regional Santos, e a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) repudiam os ataques que o ilustrador e chargista Marcelo Padron Alves sofreu de apoiadores de Jair Bolsonaro, após a publicação no Jornal da Orla de uma charge que repercutiu a condenação do ex-presidente pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado e outros crimes.
Na charge citada, Padron simula um diálogo entre Bolsonaro e a esposa Michele, em que o ex-presidente lhe pergunta: “Você me leva pão com leite condensado?”, em frente a uma TV na qual o apresentador anuncia a pena de 27 anos de prisão. Quem acompanhou o noticiário político dos últimos anos certamente captará a referência aos gastos exorbitantes do governo Bolsonaro com a compra de certos alimentos (leite condensado é um deles), segundo informações divulgadas em 2021.
A charge ou caricatura é um gênero jornalístico que mistura desenho, linguagem não-verbal e texto com o objetivo de fazer humor ou crítica a um fato, ideia, situação ou pessoa pública. Ao mesmo tempo que é uma forma de arte, a charge acompanha o jornalismo desde os primórdios da imprensa, causando impacto político e social relevante na opinião pública, já que tem o papel de usar a criatividade para expressar opiniões, informar e principalmente provocar o debate de questões espinhosas do Poder e da sociedade.
Ao satirizar a condenação do ex-presidente, o profissional nada mais fez do que exercer livremente seu ofício de promover a reflexão sobre um acontecimento de interesse público e de extrema relevância no que diz respeito aos rumos da democracia e dos interesses do povo brasileiro. O incômodo dos seguidores fiéis de Bolsonaro na cidade de Santos é uma demonstração de que a charge simplesmente cumpriu sua função, ao mesmo tempo em que atesta novamente o caráter intolerante e antidemocrático de parcela da sociedade que segue alinhada a grupos golpistas e disposta até a defender agressões estrangeiras.
O SJSP e a Fenaj manifestam toda solidariedade a Marcelo Padron Alves, além de eventual apoio jurídico, reiterando o repúdio a quaisquer ameaças e tentativas de constranger a livre e ética atuação dos profissionais do jornalismo.
SJSP
Fenaj



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