Manifestação apoia ativistas da flotilha humanitária e exige fim de holocausto palestino
- Carlos Norberto Souza
- 6 de out.
- 5 min de leitura
Protesto reuniu, mais uma vez, sindicatos, movimentos sociais, partidos e demais apoiadores em Santos. Mobilizações no Brasil e no Mundo incomodam Israel, que coleta informações sobre movimentos de solidariedade ao povo palestino

Após negociações do governo brasileiro, os 13 brasileiros que estavam entre os sequestrados em águas internacionais foram libertados nesta terça-feira (07/10), sendo recebidos na fronteira com a Jordânia por diplomatas brasileiros. Em nota à imprensa, o Itamaraty reforçou o caráter pacífico e humanitário da Flotilha Global Sumud e afirmou que "o Brasil conclama a comunidade internacional a exigir de Israel a cessação do bloqueio à Gaza, por constituir grave violação ao direito internacional humanitário".
Nos últimos dias, diversas cidades do Brasil e do mundo registraram manifestações que exigem o fim do genocídio do povo palestino, o fim do cerco à Faixa de Gaza e reivindicam a libertação dos ativistas da Flotilha Global Sumud capturados por Israel. Multidões foram às ruas em defesa da causa palestina. Segundo o jornal Brasil de Fato, pelo menos 16 atos aconteceram no Brasil no último fim de semana.
Neste domingo (05/10), na capital paulista, o ato teve início em frente ao Museu de Arte Moderna (Masp) e uma multidão seguiu em marcha pela Avenida Paulista. Em Santos, dezenas de pessoas se reuniu na Praça das Bandeiras para expressar solidariedade à resistência palestina e denunciar a segregação imposta ao povo, em especial em Gaza, onde, segundo os manifestantes, está ocorrendo um verdadeiro holocausto palestino.
"Em 1945, segundo a guerra mundial, judeus fugiram dos massacres que o nazismo fez com eles e se agruparam em vários países árabes, inclusive na Palestina. Então, o povo palestino deu tratamento como se fossem cidadãos da Palestina. Mas hoje em dia Israel está devolvendo os atos heroicos que palestinos fizeram com os judeus, com os sionistas na realidade massacrando o povo na faixa de Gaza e matando crianças e mulheres", afirmou Abu Saddam Hussein Jamil El-Malt, presidente da Sociedade Islâmica de Santos e Litoral Paulista.
Segundo El-Malt, é um erro considerar que, porque Israel está no Oriente Médio, longe de nós, não nos afeta. "O sionismo é um movimento mundial e ele está chegando perto da América Latina. As forças dos Estados Unidos estão ameaçando Venezuela, atacando barcos na Venezuela. Por causa de droga? Não. É por causa da riqueza da Venezuela. Quando o sionismo mundial achar que não tem mais riqueza suficiente no Oriente Médio, eles podem se voltar para a América Latina"
Para o líder da comunidade islâmica, é preciso de unir contra o movimento sionista internacional, não contra o judaísmo. "Nós não temos problema com os judeus, não temos briga com judeus. Temos muitos amigos judeus aqui no Brasil e no mundo, a gente tem uma relação com eles como se fossem irmãos. O problema é o sionismo, os Estados Unidos e as grandes potências que direciona eles para onde tem riqueza". Ele também agradeceu ao presidente Lula, e outros lideres mundiais, pelo posicionamento em defesa do fim do genocídio do povo palestino.
O sindicalista Ricardo Saraiva, o Big, representante da Intersindical, disse que "resistir pela Palestina é resistir para a humanidade" e também elogiou a postura de Lula, que já disse claramente do que se trata. "Nós sabemos que existe um genocídio total. Na ONU, recentemente a grande maioria reconheceu o estado palestino, menos cinco países do mundo, incluindo os Estados Unidos e Israel votaram contra. Mas essa solidariedade ao povo palestino tem que ser uma solidariedade firme e forte", defendeu.
Para o coordenador regional da CUT, Carlos Riesco, o rompimento de relações diplomáticas do Brasil com Israel em algum momento deve ocorrer, apesar das adversidades das relações do Governo com o Congresso. "Tem que ser feito assim: é pela base, dialogando e impondo uma grande sanção econômica ao Estado de Israel. Nós sabemos que é difícil. Mas a nossa solidariedade tem grande relevância".
"O mundo já não está aceitando o que está acontecendo em Gaza, e a gente precisa caminhar lado a lado justamente para que as pessoas enxerguem quem são os verdadeiros genocidas, quem produz o caos, quem produz a morte, quem luta contra isso", afirmou Débora Camilo (Psol), vereador de Santos, acrescentando que merece os manifestantes merecem parabéns. "As pessoas que estão aqui acredita na necessidade de uma Palestina livre, acreditam na autonomia dos povos e querem a paz. Não a paz que querem vender para a gente, mas a paz real".
O protesto reuniu representantes de sindicatos, movimentos sociais, partidos políticos e demais apoiadores da causa Palestina. Segundo o Coletivo Palestina Livre da Baixada Santista, que convocou o ato com a comunidade islâmica, a luta por uma Palestina Livre é uma luta global contra o colonialismo, o racismo e a injustiça, pelo fim de uma campanha de extermínio e limpeza étnica. "É a luta pelo direito de um povo existir, de voltar para as suas terras e de viver com dignidade e paz", afirmam.
Pelo mundo
Segundo a Telesur, protestos globais se espalharam após forças navais israelenses sequestrarem a Flotilha Global Summud, que tentava levar ajuda humanitária a Gaza. Na Europa, manifestações maciças ocorrem em cidades como Londres, Madri, Barcelona, Roma, Dublin e Paris. Também foram registradas mobilizações em outros países como Grécia, Suécia, Bélgica, Alemanha, Suíça, Reino Unido, Turquia e Austrália.
Na América Latina, também foi registrada manifestação em Buenos Aires e Brasília. O site Brasil de Fato também destacou atos na Holanda, Suíça, Bélgica, México, Colômbia e Uruguai. Além de São Paulo, outras capitais do Brasil, Curitiba, Porto Alegre e Florianópolis, também estão as cidades brasileiras onde ocorreram atos. Enfim, da América Latina, passando pela Europa e Ásia, até Oceania, vem crescendo a pressão pública sobre governos para impor sanções a Israel, acabar com acordos militares e exigir o fim do cerco a Gaza.
Israel rastreia movimentos
Em publicação conjunta, o Coletivo Palestina Livre da BS, a Frente Palestina São Paulo e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, repercutem denúncia de uma página do instagram, Nödrop Gaza, que afirma que o Governo israelense tem coletado informações de cidadãos ao redor do mundo, mapeado manifestações contra o holocausto palestino para rastrear organizações e indivíduos que as constroem, além de divulgar relatórios no site oficial do governo com horários e coordenadas das manifestações, além da distância delas de embaixadas e consulados israelenses.
Esses relatórios avaliariam o "nível de risco" dos protestos do ponto de vista dos interesses de Israel. O "risco" variaria de baixo, médio, alto e muito alto. O Coletivo Palestina Livre e a Frente Palestina São Paulo estariam classificadas como de risco médio. Os movimentos afirmam que Israel "não tem o direito de catalogar cidadãos e organizações ao redor do mundo ao seu prazer apenas por se colocaram contra o holocausto palestino".
Publicação em 06/10
Atualização 07/10 às 18h40




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